Quando o barulho do apartamento vizinho começa a incomodar, está na hora de tomar uma providência para melhorar a acústica da residência. O latido dos cachorros, grito das crianças, contato do salto alto com o solo, TV e até mesmo aquela festinha podem interferir no dia a dia do indivíduo, piorando sua qualidade de vida e afetando seu rendimento e concentração.
A NBR 15575, norma de desempenho que estabelece padrões de qualidade para construção de imóveis residenciais, traz critérios específicos que devem ser respeitados para promover o conforto acústico das habitações, mas só entrou em vigor em 19 de julho de 2013. Então o que pode ser feito para corrigir o problema nas edificações habitacionais construídas antes da imposição da norma?
“Nos casos em que o projeto arquitetônico já foi finalizado, ou mesmo em construções já existentes, também é possível intervenções acústicas. Os profissionais de acústica e arquitetura devem buscar em conjunto as melhores soluções para manter as características estéticas do projeto e conseguir alcançar o nível de isolamento ou condicionamento necessário”, explica Débora Barreto, diretora da Divisão de Acústica da empresa Audium e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Acústica (SOBRAC).
O primeiro passo é buscar um profissional qualificado, para indicar materiais de qualidade e compatíveis com a realidade do cliente. “Sem ele, é difícil definir quais as reais necessidades do ambiente, considerando sua utilização e localização. Hoje existem no mercado opções para todas as necessidades, gostos e bolsos”, conta Débora, que faz um alerta: “Desconfie de empresas que oferecem em conjunto projeto, material e instalação, pois elas tendem a oferecer apenas as soluções que têm em estoque”.
É fundamental identificar o tipo de ruído que está te afetando, pois não existem soluções pré-determinadas. “Cada situação deve ser averiguada separadamente. Problemas de condicionamento acústico são solucionados com a inserção de materiais absorventes, reflexivos ou difusores, enquanto problemas de isolamento são resolvidos com a eliminação de frestas e inserção de elementos de vedação densos e estanques (paredes, forros e esquadrias)”, esclarece a profissional.
Se o ruído vier da parede, é possível utilizar revestimentos que diminuem a reverberação. “Estes materiais reduzem a “fuga” de som entre os ambientes. Algumas soluções são mais invasivas, como reformar e construir paredes mais espessas”, pontua Débora. Se o problema é o eco dentro de casa, ela sugere a inserção de elementos tradicionalmente utilizados na decoração, como cortinas, tapetes, móveis e revestimento com fibras minerais, madeiras ranhuradas, gesso acartonado perfurado ou lãs, por exemplo.
Para as casas de telha, você pode instalar um forro isolante de gesso acartonado duplo com lã ou chapa cimentícia, a depender do nível de isolamento necessário. “Mas vale ressaltar que o som também é transmitido pelas esquadrias e paredes”, salienta Débora. No mercado, estão disponíveis janelas acústicas com vidros e fechamentos específicos.
E se você está preocupado em não incomodar o vizinho de baixo, o ideal é instalar mantas resilientes embaixo do contrapiso de seu apartamento. Mas se você é o vizinho de baixo incomodado com o barulho do apartamento de cima, pode experimentar um forro para reduzir o incômodo.
“O isolamento acústico é fundamental para obter ambientes adequados às suas funções, além de proporcionar privacidade e qualidade de vida. Existem no mercado diversas tipologias de materiais isolantes e suas especificações devem estar sempre atreladas aos aspectos de segurança necessários a cada espaço”, conclui Débora.